28 de mai. de 2015

O Preço da Gasolina

O Preço da Gasolina

Apesar de estar acostumado com os constantes discursos da inclusão de impostos em tudo o que compramos, porque os impostos no Brasil incidem muito mais no consumo do que na riqueza, hoje me peguei olhando mais detidamente para o Cupom Fiscal de um posto de gasolina de minha região.


Eu não fazia ideia que, pelo menos neste cupom (não sei se em todos os postos é o mesmo), os impostos não são apresentados em percentual, mas em reais. Para minha surpresa, os valores de um simples abastecimento de R$ 20,00 tem dois grupos de impostos: o ICMS, no primeiro grupo e os outros no segundo (CIDE / PIS / COFINS).


No Cupom veio especificado que R$ 2,69 eram impostos federais e R$ 5,00 impostos estaduais. Após ter notado isso, fui em busca de informações que corroborassem o que estava vendo.


No site da Petrobras, eu encontrei as informações de como é composto o preço da gasolina vendida, com o objetivo de demonstrar que a empresa não é responsável total pelo preço final ao consumidor. A figura ao lado é o corte do demonstrativo geral da composição.

Mesmo entendendo o fato que a Petrobras deseja demonstrar e sabendo que ela não é responsável direta pelo preço que eu pago pela gasolina, isso não melhora as coisas. Ora, a parte da empresa no preço corresponde a 32%, a dos distribuidores e revendedores a 17% e dos produtores de etanol Anidro a 12% do total, mas o caso impressionante é por conta dos grupos dos impostos inseridos. São no total 39%, sendo que 28% de ICMS e 11% do outro grupo como mostra a figura B.

É muito cansativo quando os nossos olhos são abertos para o tamanho da fatia de nossos ganhos que o Governo, o Estado e os Municípios tiram à força de nós. É extremamente estressante saber ainda que uma parte significante disso não retorna para a população em cuidados médicos, boa escola, serviços públicos de qualidade, segurança e responsabilidade com os gastos públicos.

Ao contrário, esta parte significante vai para os desvios de verbas, para as propinas e corrupção, para uma péssima gestão da coisa pública, para os comissionamentos excessivos e para os cafetões do poder que como hienas rondam os nossos políticos e governantes. É deprimente saber o que sabemos todos os dias.

            Resumindo, não fosse a fatia devoradora de nossa renda dirigida aos impostos, o preço de meu abastecimento de R$ 20,00 cairia para R$ 12,31. Imagine agora que a ganância lucrativa dos grandes produtores, dos distribuidores e revendedores caísse para níveis aceitáveis e não para o estratosférico, quanto seria o preço de nossa gasolina?

            Talvez chegasse ao preço praticado em países como a Venezuela, país pelo qual não tenho nenhum apreço político ou governamental, mas amo as pessoas que conheço lá. Quando fui à Venezuela alguns anos atrás, eles constantemente e com orgulho declaravam que com um dólar se podia encher o tanque de um veículo de passeio. Não sei se hoje é ainda assim, mas...


Carlos de Carvalho
Teólogo e Cientista Social pela Universidade Metodista de São Paulo
Fundador da ONG ABAN Brasil

Referências

Formação do preço da gasolina – Petrobras Distribuidora. Disponível em: http://www.br.com.br/wps/wcm/connect/portal+de+conteudo/produtos/automotivos/gasolina/composicao+do+preco+da+gasolina

Tributos incidentes sobre os combustíveis. Disponível em: bd.camara.leg.br/bd/bitstream/handle/.../tributos_incidentes_maciel.pdf?.


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