17 de mai. de 2013


Tempo de Mudanças


    Salomão escreveu em Eclesiastes que há tempo para tudo o que se faz debaixo do céu. Tempo disso, tempo daquilo, tempo de outra coisa, etc. Sem nos ater nos pormenores desse texto, o que fica de forma claramente determinada é que os tempos mudam. Se há um tempo para plantar e outro para colher, significa que o tempo muda de uma coisa para outra. As épocas mudam.

   Em nossa vida semelhantemente é assim. O nosso processo de crescimento interior, o processo de aprendizado, os relacionamentos, a infância, a adolescência, a juventude, a maturidade e a terceira idade, todas essas coisas nos falam de tempos determinados e de mudanças sobre as quais não temos total controle sobre elas, mas que no decorrer desses acontecimentos, vamos tentando ajustar a nossa vida e a nossa mentalidade para administrar os eventos que vão chegando.

    Todos os cenários da vida e da sociedade sofrem de alguma maneira mudanças visíveis que determinam a maneira de vê-los, de reagir ao meio, de perceber os fatos e de caminhar em direções diferentes. Essas mudanças, na maioria das vezes, trazem benefícios a nós e nos impulsionam para frente, com o objetivo de não ficarmos parados em lugares de falsa comodidade. Transformação, por sua vez, nos indica processos, que de certa forma podemos controlar ou ao menos, conseguimos dar início tendo um fim em mente.

    Transformação é uma mudança, mas não mudança no sentido da vida, como descritos no texto de Salomão, sobre as quais, quer façamos algo ou não, elas vão acontecer. São mudanças definidas por nós, são mudanças desejáveis. Transformação é um evento que tem início, meio e fim. Ainda que não tenhamos total e pleno controle sobre cada parte do processo, mesmo assim, possuímos uma grande participação nele.

    Todos podem começar esse tipo de mudança. Transformação é um caminho que se inicia em cada um de nós. A sociedade, as comunidades, as cidades, as metrópoles e até mesmo o país podem mudar, podem ser transformados. Todavia, esse é o processo que cabe exclusivamente ao indivíduo dar o ponto de partida, e, uma vez começado, deve-se dar seguimento até alcançar o objetivo proposto.

    Indivíduo, tudo se inicia com uma pessoa. Não são processos de massa ou populares, são processos individuais. Acredito que por isso a real transformação não tem alcançado seu objetivo social em nenhum lugar da terra. Sem a pessoa, sem o indivíduo isso não pode acontecer de fato. Mas isso é assunto para outra oportunidade.

Carlos Carvalho
Erasmo de Rotterdam

Eis aqui um homem de quem pouco se fala ou se reconhece: Erasmo de Rotterdam (1466-1536). Nasceu em Rotterdam, Holanda e filho de um padre que trabalhou em Roma como tradutor. Ele foi o mais eminente filósofo da Renascença (século XV) e escreveu brilhantemente sobre a educação dos jovens e crianças de sua época. Erasmo antecipou em séculos as discussões do ambiente educacional que vemos eclodir com vigor nos dias atuais.

Tenho convicções que o caminho da educação cristã, e porque não dizer da educação ocidental, tem extensa colaboração dos pensamentos deste cristão considerado o mais erudito homem de seu tempo. Pensador brilhante, equilibrado e crítico, profícuo escritor com bases sólidas na filosofia e na teologia, contribuiu decisivamente para que a humanidade desfrutasse de uma educação comum e elevada.

Destaco abaixo algumas de suas frases e pensamentos que me fizeram argumentar a seu favor como uma espécie de pai da educação moderna.

         Erasmo cria que nunca é cedo demais para iniciar o processo educacional.

         A aprendizagem, escreveu ele, não é um veneno.

         Escreveu que a educação aperfeiçoa a natureza.

         Dizia que riquezas não dispensa instrução.

         É dele a frase: “o homem, um ser inacabado e por fazer-se”.

         Ele disse que: “desprovido de educação, o homem não passa de uma pedra”.

         “Falhar na educação é fazer do ser humano um monstro”.

         Cria que o direito à educação nasce no berço, ou seja, é direito fundamental do ser humano. Algo parecido só veio a ser dito na Declaração dos Direitos Humanos em 1948 (artigo XXVI) em nível universal.

         Para ele o pior castigo é negar a educação.

         Ele escreveu que “deseducação é crime nefando”.

         Que o futuro depende dos antecedentes educacionais.

         Que a educação falha condiciona para o vício.

         Ele descreveu os agentes da educação, como os pais, os amigos, os professores e etc.

         Que educação pré-escolar não afeta a saúde.

         Discorreu sobre o perfil do educador e sobre os programas de ensino. E muito mais.

Portanto, acredito que Erasmo de Rotterdam é um dos mais excelentes proponentes da teoria da educação moderna, quase que na plenitude dos moldes de hoje, exceto pelas nuances culturais que dizem respeito somente à época em que vivia. Porém, se tomarmos as discussões deste século no qual vivemos, mormente no Ocidente, e mais particularmente no Brasil, veremos que ele faz jus ao título de pai da educação moderna.

A atualidade de seus escritos é incrível, e isto escrevendo do século XV. Distante de nós por mais de cinco séculos, sua mente alcançou não apenas o seu tempo, como o extrapolou, e podemos com certeza dizer que suas declarações encontram eco em nosso clamor atual por uma educação de qualidade, tanto no ensino público, como no ensino teológico/cristão.

Carlos Carvalho
Bibliografia:

Feracine, Luiz. Coleção pensamento & vida: Erasmo de Rotterdam: o mais eminente filósofo da renascença / Luiz Feracine, -- São Paulo: Editora Escala, 2011. – (Coleção pensamento & vida: vol. 7)