Quando a Justiça
é lenta
“Quando os
crimes não são castigados logo, o coração do homem se enche de planos para
fazer o mal.” (Nova Versão Internacional)
“Porque a
sentença não se executa logo contra uma má obra, por isso o coração dos filhos
dos homens é inteiramente disposto a praticar o mal.” (Sociedade Bíblica Britânica)
Eclesiastes
8.11
“Verba docente,
exempla trahunt.”
(“Palavras
instruem, exemplos arrastam”)
Sêneca, o Jovem
Inicio dizendo que não
sou a favor da pena de morte, mas da prisão perpétua ou do cumprimento integral
da pena de quem quer que tenha praticado algum crime e que este indivíduo tenha
condições de exercer alguma função trabalhista, dada as suas circunstâncias,
para que preso, não seja um ser improdutivo, que possa reservar recursos para
quando sua pena terminar, ou se não, deixar à sua família algo de valor; que
também possa ser educado no regime fechado em todos os níveis: Alfabetização, Fundamental,
Médio e Superior).
Quando me deparei com
este texto logo vieram à minha mente dois tipos de notícias que são repetidas
todas as semanas no Brasil: a larga escala da impunidade de menores (não sou
contra o ECA, sou contra sua visão sobre a infância que não é mais real hoje) e
a tolerância aos crimes de homicídio e corrupção que desenvolvemos ao longo dos
séculos de nossa existência como nação. É desnecessário me utilizar de textos
complementares e de referências para isso, bastando apenas a quem se interesse
pelo assunto buscar na internet.
Questões mais sérias
como a discussão sobre a inimputabilidade do menor ou sua punibilidade
independente da idade de imputável pleno, são muito mais sérias e necessárias
em nossos dias diante do crescimento da criminalidade do menor aliciado por
pessoas que os usam para se livrar das penas. O fato no menor ser corrompido
por maior não anula o crime cometido por ele, da mesma forma que não
desresponsabiliza o corruptor. E é óbvio que estamos falando dos crimes de
homicídio, que apenas 10% do total são cometidos por menores.
Se a inimputabilidade é
a inexistência da capacidade de compreensão do ato cometido e de suas
consequências, a impunibilidade não deve ser posta fora da equação, pois do
contrário, o resultado não é outro, senão o alto grau de aliciamento de menores
para o mundo do crime. Por mais difícil que seja aceitar o fato, a inimputabilidade
acabou por se tornar uma fuga bem elaborada para os adultos criminosos e, em
certos casos, assume uma glamorização do crime na mente do menor.
Paralelamente a esse
quadro assistimos dia após dia toda forma impunidade no país, de homicídios
confessados e depois de anos absolvidos ou não plenamente julgados como os
casos da irmã Dorothy e
de PC Farias e de sua namorada,
longe de um desfecho final concreto até os crimes contra o patrimônio público e
de colarinho branco serem simplesmente desconsiderados em sua gravidade.
Somado a isso, temos a
corrupção das polícias, dos funcionários públicos agindo no desvio de grandes
somas de dinheiro, nas fraudes contra o sistema previdenciário, das fraudes e
ilegalidades que empresas cometem quando da demissão de funcionários, como o
não recolhimento do INSS ou o depósito do Fundo de Garantia, além da própria
corrupção instaurada nos halls do
poder governante do país.
Rio de Janeiro, São
Paulo, Belo Horizonte, Salvador e todas as demais capitais e cidades
brasileiras convivem com certo grau “aceitável” de corrupção em seus governos e
estamentos sociais. Para se ter uma ideia do tamanho da coisa, o Instituto
Ethos veiculou uma pesquisa que o Jornal Valor
Econômico publicou, sobre a aceitação dos profissionais das corporações
brasileiras de conviverem bem com a falta de ética e com a corrupção. É
alarmante o número!
Mas disso tudo nós já
sabemos e vemos como uma reprise defeituosa de um processador de filmes ou de
áudio continuamente. A questão talvez esteja em outra esfera e não naquelas que
estamos acostumados a discorrer. Talvez toda essa tolerância tanto dos poderes,
de nosso povo e mesmo do ECA, não sejam demonstrações de uma “evolução social e
estrutural” que vivemos como sociedade que amadurece, mas exatamente o
contrário. Talvez toda essa tolerância aponte para o fracasso de nossa
sociedade e da família em educar e disciplinar os nossos filhos.
É bem possível que
todas essas manobras legais, estatutárias, implantações de delegacias especais
e leis especiais sejam a corroboração legal de nossa ineficiência como
democracia, sociedade, família e povo. E se não tratarmos de fato, seriamente
disso, sem desculpas e respostas prontas sociológicas e psicológicas que não
servem ao observado na prática, temo que em pouco tempo haja uma implosão de
violência por causa dessa impunidade e tolerância a níveis nunca antes vistos
no Brasil.
Por onde começar a
mudança? Pelo começo. Pela família estruturada, pela aplicação correta e total
das penas, pela escola, pela ética, pela moral, por leis mais justas, e se
necessário for, por uma revolução real, não “cultural” ou “guerrilheira”, mas
uma revolução concreta de valores.
Carlos Carvalho