Analfabetismo no Brasil
– o mesmo do mesmo
Folheando uma
antiga Enciclopédia Barsa de 1977, leio que nos anos 1970, o Censo Demográfico
contava que 38% da população de então era analfabeta, num universo de mais de
93 milhões de pessoas oficialmente. Fiquei curioso e me detive um pouco de meus
afazeres para pesquisar o quadro atual de nossas condições. Fui à “Barsa” de
nossos dias, o Google, para verificar alguma notícia oficial.
Segundo as
pesquisas do IBGE, o Brasil em 2000 contava em sua população com 12,8% de
analfabetos e já no Censo de 2010, esse índice caiu para 9%. Isto significa duas
coisas básicas: o nível de escolarização dos brasileiros aumentou nos últimos
40 anos e o número de alfabetizados passou para 91% em nossa população. Em
2012, os dados parciais já apontavam que o número de analfabetos haviam
novamente caído para 8,7% do número total de brasileiros. Os dados são
promissores.
Porém, outro
quadro aparece que faz com que se necessite repensar a forma ou as técnicas
utilizadas na alfabetização por aqui. O IBGE apontava em 2001 que 33% dos
brasileiros eram analfabetos funcionais e em 2012 eram 20%. Hoje diz-se que
esta taxa está em 18,4%. Uma pessoa considerada analfabeta funcional pode
variar em dois níveis mais comuns para efeito de comparação. Vejamos:
Alfabetizados em nível rudimentar:
localizam uma informação explícita em textos curtos e familiares (como, por
exemplo, um anúncio ou pequena carta), leem e escrevem números usuais e
realizam operações simples, como manusear dinheiro para o pagamento de pequenas
quantias.
Alfabetizados em nível básico: leem e
compreendem textos de média extensão, localizam informações mesmo com pequenas
inferências, leem números na casa dos milhões, resolvem problemas envolvendo
uma sequência simples de operações e têm noção de proporcionalidade.
Agora façamos
a matemática básica. Estamos em 2014 e lidamos com os dados do IBGE até 2012,
mas estatisticamente podemos fazer inferências pelos números. Ao somarmos o
número de analfabetos brasileiros com o de analfabetos funcionais, contamos
ainda com o elevado percentual de 27,1% segundo as melhores pesquisas. Isto
significa novamente duas coisas:
1.
Avançamos realmente na questão da alfabetização
básica das pessoas.
2.
Mas em 42 anos só conseguimos alfabetizar
plenamente 11% do total de analfabetos em relação ao percentual de 1970.
Com esse
percentual de alfabetização o crescimento de plenos alfabetizados foi de apenas
2,75% a cada 10 anos e 0,27% a cada ano, bem diferente das taxas apresentadas
pelos nossos órgãos oficiais que declaram que o índice de analfabetismo cai
0,4% ao ano. Desta forma, é clara e evidente que nossa política educacional
necessita de mudanças concretas para que os números não sejam alterados somente
por causa de palavras – analfabetos / analfabetos funcionais / alfabetizados
básicos – mas que alcancemos o nível sonhado de elevado percentual de
plenamente alfabetizados.
Sabemos que as
condições de 40 anos atrás eram outras, a população era bem menor que a atual e
os acessos também, mas na era da tecnologia é inaceitável as desculpas de hoje
em nome das dificuldades do passado. Num país onde a educação é um direito
constitucional, ainda estamos longe de tornar-se uma realidade plena para todos.
A educação é um esforço consciente de todos, dos pais, da sociedade e do
Estado.
À luta,
Brasil!
Carlos Carvalho
Graduando em Ciências Sociais pela
Universidade Metodista de São Paulo
Referências:
Constituição da República Federativa do
Brasil. Texto atualizado 2013. Pdf. Artigo 205.
Enciclopédia Barsa. São
Paulo:Encyclopaedia Britannica Editores Ltda, 1977. Volume 3. p. 237-238.
IBGE: analfabetismo cresce pela primeira
vez desde 1998. Disponível em: http://noticias.terra.com.br/educacao/ibge-analfabetismo-cresce-pela-primeira-vez-desde-1998,e5e1e55448c51410VgnVCM3000009acceb0aRCRD.html.
Acessado em 10/06/2014.
Inaf aponta o perfil do analfabeto
funcional brasileiro. Disponível em: http://www.ibope.com.br/pt-br/noticias/Paginas/Inaf-aponta-o-perfil-do-analfabeto-funcional-brasileiro.aspx.
Acessado em 10/06/2014.
Taxa de analfabetismo para de cair no
Brasil após 15 anos, diz Pnad54. Disponível em: http://educacao.uol.com.br/noticias/2013/09/27/analfabetismo-volta-a-crescer-no-brasil-apos-mais-de-15-anos-de-queda.htm.
Acessado em 10/06/2014.
Você sabia que o número de pessoas que não
sabem ler ou escrever está diminuindo no Brasil? Disponível em: http://7a12.ibge.gov.br/vamos-conhecer-o-brasil/nosso-povo/educacao.
Acessado em 10/06/2014.