A Imagem no Mundo
Pós-Moderno
A palavra
“imagem” sugere uma representação visual ou mental. Pode referir-se ao objeto
que é visto ou à representação mental dele que o observador mostra em sua
mente. O conceito é tão complexo, que no mundo grego as palavras são muitas e
se misturam entre si a ponto de se coincidirem. As principais são:
charater
= “imagem”, “marca” ou “impressão”, usadas para imprimir uma estampa. idea
= “aparência”, usada em Platão para as entidades por trás das formas em nosso
mundo material. eikon = “réplica”, “semelhança”, e “imagem”. eidolon
= “imagem”, “esboço”, usada para a forma que não tem substância e não possui o
mesmo grau de realidade de eikon, também para os ídolos religiosos. typos
= “impressão visível”, “cópia”, “forma”, “figura”. Além de outras[1].
Usada no
marketing como sua principal arma de sucesso, a palavra pode ser atualmente
definida como: representações, impressões, convicções e redes de significados
de um objeto (produto/marca, corporação, loja) armazenado na memória de forma
holística[2].
Isto significa que a imagem é a mais poderosa ferramenta para o trabalho desses
profissionais com o objetivo de fazer uma empresa, marca ou pessoa alcançarem
êxito em seus negócios e promoção de sua imagem pessoal.
Sociologicamente
a imagem pode ser conduzida com fins a uma ideologia. Ideologia é, na definição
de alguns sociólogos, um instrumento de dominação, ou seja, um conjunto lógico,
sistemático e coerente de representações (ideias e valores) e de normas ou
regras (de conduta) que indicam e prescrevem aos membros da sociedade o que
devem pensar e como devem pensar, o que devem valorizar e como devem valorizar,
o que devem sentir e como devem sentir, o que devem fazer e como devem fazer[3].
Para aqueles
que nasceram nas décadas anteriores aos anos 80, facilmente perceberão que a
introdução maciça da imagem em todas as áreas da vida humana e social é um fato
inquestionável. Não que a imagem antes disso não tivesse seu lugar, mas que por
causa do advento do cinema, desde sua primeira projeção pública no século XIX[4] e
da televisão a partir de 1920[5] e
posteriormente com todos os seus aprimoramentos até se tornar um aparelho
viável e comercializável a todos, a imagem veio tomando espaços cada vez
maiores no mundo.
É claro a real
mudança comportamental que a sociedade passa ao longo dos séculos, mas no que
diz respeito à imagem, é algo impressionante. Anteriormente, a população,
principalmente as pessoas alfabetizadas, dava importância à leitura e a
escrita, mas nesta época é evidente que, pelo surgimento e crescimento das
redes sociais, a imagem tomou uma proporção global e estabeleceu-se como
principal veiculador de ideias, de desejos e de comunicação entre as pessoas,
principalmente os mais jovens.
A quantidade
de imagens artificiais, fotos de locais frequentados e turísticos, de pessoas,
de animais de estimação, da exposição da intimidade, de frases relacionadas a
alguma imagem é mais comum na internet do que a produção de textos de conteúdo.
É perceptível que a comunicação é feita por símbolos (que são imagens como os smiles emoticons), por formas gráficas
(como os acentos ortográficos), imagens e desenhos (como animes) e uma multidão de pequenos vídeos de todos os tipos de
temas.
A imagem
tornou-se um deus moderno com capacidade de fazer as pessoas decidirem o que
vestir, o que comprar, com quem se parecer, que veículo possuir, onde morar,
para onde ir em viagens com a família, que empresa é a melhor, quais os
melhores produtos, qual TV, computador ou celular comprar, o que se deve comer,
o que se deve ler, com quem se casar, quantos filhos deve ter e muito mais.
Praticamente tudo em nosso modelo de vida social e capitalista está
representado por uma imagem ideal, senão tudo.
© Carlos Carvalho
22 de novembro de 2013
[1] Dicionário internacional de teologia do
Novo Testamento. Colin Brown, Lothar Coenen. 2.ed. – São Paulo: Vida Nova,
2000. Vol. I – A-M.
[2] Gestão da imagem: desenvolvendo um
instrumento para a configuração da imagem de produto. Revista da Administração
Contemporânea. vol.11 no.4 Curitiba Oct./Dec. 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-65552007000400007&script=sci_arttext&tlng=es.
[3]Chauí,
Marilena. O que é ideologia. PDF
digitalizado em 2004. p.43.
[4] A
História do Cinema. Os imãos Auguste e Louis Lumiére fizeram a apresentação de
sua invenção, o cinematógrafo, que podia projetar as imagens ao público. O nome
do aparelho passou a identificar a nova arte. Disponível em: http://www.webcine.com.br/historia1.htm
[5]A invenção da televisão. Disponível em:
http://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/a-invencao-da-televisao.htm