26 de nov. de 2013


A Imagem no Mundo Pós-Moderno

A palavra “imagem” sugere uma representação visual ou mental. Pode referir-se ao objeto que é visto ou à representação mental dele que o observador mostra em sua mente. O conceito é tão complexo, que no mundo grego as palavras são muitas e se misturam entre si a ponto de se coincidirem. As principais são:

charater = “imagem”, “marca” ou “impressão”, usadas para imprimir uma estampa. idea = “aparência”, usada em Platão para as entidades por trás das formas em nosso mundo material. eikon = “réplica”, “semelhança”, e “imagem”. eidolon = “imagem”, “esboço”, usada para a forma que não tem substância e não possui o mesmo grau de realidade de eikon, também para os ídolos religiosos. typos = “impressão visível”, “cópia”, “forma”, “figura”. Além de outras[1].

Usada no marketing como sua principal arma de sucesso, a palavra pode ser atualmente definida como: representações, impressões, convicções e redes de significados de um objeto (produto/marca, corporação, loja) armazenado na memória de forma holística[2]. Isto significa que a imagem é a mais poderosa ferramenta para o trabalho desses profissionais com o objetivo de fazer uma empresa, marca ou pessoa alcançarem êxito em seus negócios e promoção de sua imagem pessoal.

Sociologicamente a imagem pode ser conduzida com fins a uma ideologia. Ideologia é, na definição de alguns sociólogos, um instrumento de dominação, ou seja, um conjunto lógico, sistemático e coerente de representações (ideias e valores) e de normas ou regras (de conduta) que indicam e prescrevem aos membros da sociedade o que devem pensar e como devem pensar, o que devem valorizar e como devem valorizar, o que devem sentir e como devem sentir, o que devem fazer e como devem fazer[3].

Para aqueles que nasceram nas décadas anteriores aos anos 80, facilmente perceberão que a introdução maciça da imagem em todas as áreas da vida humana e social é um fato inquestionável. Não que a imagem antes disso não tivesse seu lugar, mas que por causa do advento do cinema, desde sua primeira projeção pública no século XIX[4] e da televisão a partir de 1920[5] e posteriormente com todos os seus aprimoramentos até se tornar um aparelho viável e comercializável a todos, a imagem veio tomando espaços cada vez maiores no mundo.

É claro a real mudança comportamental que a sociedade passa ao longo dos séculos, mas no que diz respeito à imagem, é algo impressionante. Anteriormente, a população, principalmente as pessoas alfabetizadas, dava importância à leitura e a escrita, mas nesta época é evidente que, pelo surgimento e crescimento das redes sociais, a imagem tomou uma proporção global e estabeleceu-se como principal veiculador de ideias, de desejos e de comunicação entre as pessoas, principalmente os mais jovens.

A quantidade de imagens artificiais, fotos de locais frequentados e turísticos, de pessoas, de animais de estimação, da exposição da intimidade, de frases relacionadas a alguma imagem é mais comum na internet do que a produção de textos de conteúdo. É perceptível que a comunicação é feita por símbolos (que são imagens como os smiles emoticons), por formas gráficas (como os acentos ortográficos), imagens e desenhos (como animes) e uma multidão de pequenos vídeos de todos os tipos de temas.

A imagem tornou-se um deus moderno com capacidade de fazer as pessoas decidirem o que vestir, o que comprar, com quem se parecer, que veículo possuir, onde morar, para onde ir em viagens com a família, que empresa é a melhor, quais os melhores produtos, qual TV, computador ou celular comprar, o que se deve comer, o que se deve ler, com quem se casar, quantos filhos deve ter e muito mais. Praticamente tudo em nosso modelo de vida social e capitalista está representado por uma imagem ideal, senão tudo.

© Carlos Carvalho
22 de novembro de 2013





[1] Dicionário internacional de teologia do Novo Testamento. Colin Brown, Lothar Coenen. 2.ed. – São Paulo: Vida Nova, 2000. Vol. I – A-M.

[2] Gestão da imagem: desenvolvendo um instrumento para a configuração da imagem de produto. Revista da Administração Contemporânea. vol.11 no.4 Curitiba Oct./Dec. 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-65552007000400007&script=sci_arttext&tlng=es.

[3]Chauí, Marilena. O que é ideologia. PDF digitalizado em 2004. p.43.

[4] A História do Cinema. Os imãos Auguste e Louis Lumiére fizeram a apresentação de sua invenção, o cinematógrafo, que podia projetar as imagens ao público. O nome do aparelho passou a identificar a nova arte. Disponível em: http://www.webcine.com.br/historia1.htm

[5]A invenção da televisão. Disponível em: http://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/a-invencao-da-televisao.htm 

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