AÇÕES QUE MERECEM SER COPIADAS
No final do ano de 2012 líamos
esta notícia:
Presos que lerem e entenderem obra de
Dostoiévski terão pena reduzida
A Vara Criminal de Joaçaba, sob
comando do juiz Márcio Umberto Bragaglia, deu a largada ao projeto Reeducação
do Imaginário, que consiste na distribuição de obras clássicas aos apenados da
comarca, para leitura e posterior cobrança de pontos em entrevistas com o
magistrado e seus assessores. Os participantes que demonstrarem melhor
compreensão do conteúdo, respeitada a capacidade intelectual de cada apenado,
poderão ser beneficiados com a remição de quatro dias de suas respectivas
penas.
O primeiro módulo do projeto
consiste na leitura da obra Crime e Castigo, de Fiódor Dostoiévski. No segundo
módulo, para o qual já existe etapa de aquisição de livros, os apenados lerão O
Coração das Trevas, de Joseph Konrad. Depois virão obras de William
Shakespeare, Charles Dickens, Walter Scott, Camilo Castelo Branco e outros
autores, todos recomendados por intelectuais do calibre de Otto Maria Carpeaux,
Olavo de Carvalho, Harold Bloom e Mortimer J. Adler. Os livros serão adquiridos
em edições de bolso, diretamente com verbas de transação penal destinadas ao
Conselho da Comunidade, que juntamente com o Presídio Regional de Joaçaba
participa do projeto encabeçado pela Vara Criminal.
O projeto (...) visa a reeducação
do imaginário dos apenados pela leitura de obras que apresentam experiências
humanas sobre a responsabilidade pessoal, a percepção da imortalidade da alma,
a superação das situações difíceis pela busca de um sentido na vida, os valores
morais e religiosos tradicionais e a redenção pelo arrependimento sincero e
pela melhora progressiva da personalidade, o que a educação pela leitura dos
clássicos fomenta, interpreta o juiz Bragaglia, declaradamente inspirado nas
lições de educação do filósofo Olavo de Carvalho, a quem considera o maior
pensador brasileiro vivo e em atividade.
Naquela manhã, reunidos no Salão
do Júri, os apenados participantes do projeto todos voluntários - ouviram
palestra do juiz Bragaglia: “Não vou subestimar a capacidade de vocês, não vou
sugerir que leiam best-sellers, autoajuda, subliteratura ou outras
inutilidades. Ao contrário! Todo ser humano, por mais difícil que seja sua
situação ou por mais precária que tenha sido sua educação, tem condições de ler
grandes obras com proveito, e é isto que torna essas obras eternas: o quanto
elas falam da experiência concreta, da alma humana”, comentou o magistrado. Ao
final, cada participante recebeu uma edição de Crime e Castigo, acompanhada de
um dicionário de bolso. O projeto conta com o apoio e a participação do
Ministério Público de Santa Catarina, por meio do promotor de justiça criminal
de Joaçaba, Protásio Campos Neto.
Em fevereiro de 2013 foram realizadas
as primeiras entrevistas de avaliação dos presos participantes do primeiro
módulo do “Projeto Reeducação do Imaginário”, e atualmente mais de 60 presos
participam voluntariamente do projeto, entre homens e mulheres. É prematuro
para afirmar se os objetivos de formação e aprimoramento do caráter, bem como
ampliação do horizonte de consciência moral dos detentos foram ou serão
atingidos, mas esperamos que ações educacionais e de reeducação dos apenados
visando sua reinserção na sociedade sejam cada vez mais amplas.
Carlos Carvalho
Junho de 2014
Referências:
JusBrasil
Disponível em: http://tj-sc.jusbrasil.com.br/noticias/100201916/presos-que-lerem-e-entenderem-obra-de-dostoievski-terao-pena-reduzida.
Acessado em 04/06/2014.
Mídia sem
Máscara
Disponível em: http://www.midiasemmascara.org/artigos/cultura/13954-reeducacao-do-imaginario-primeiras-impressoes-e-resultados.html
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